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Foto do escritorRafael Torres

Um disco que você precisa conhecer (Rachmaninoff - Concertos 1 e 2 - OS Boston, Ozawa, Zimerman)

Atualizado: 7 de out. de 2020



Rachmaninoff - Concertos para Piano Nos. 1 e 2 - Sinfônica de Boston, Ozawa, Zimerman.


O pianista polonês Krystian Zimerman, um dos gigantes do teclado, até 1999 não tinha gravado concertos de Sergei Rachmaninoff. Mas quando o fez, os registros entraram para a história: um deles, o Segundo Concerto, é o concerto para piano mais popular de todos os tempos, e é a versão de Zimerman e Ozawa que é considerada a melhor dentre as modernas (no passado temos as 2 gravações de Rachmaninoff com Leopold Stokowski e a Orquestra de Filadélfia).


Mas vamos pelo começo. O primeiro concerto, obra da juventude de Rachmaninoff, foi escrito para a sua formatura no conservatório, e teve relativo sucesso. Aliás, até hoje seu sucesso é relativo. Não sei por quê! É uma obra de grande envergadura, que explora as possibilidades do piano até mais do que, por exemplo, o Concerto em Lá Menor de Grieg (no qual é baseado), os dois temas do primeiro movimento são arrojados (observe a beleza do primeiro tema, aos 34s, e o contraste com o segundo, em 2m38s), revelando o grande melodista que era Sergei; tem uma cadência (9m20s) (a parte em que o piano se "exibe", a orquestra até para de tocar) empolgante (e extremamente bem construída); o segundo movimento (12m17s) é de uma beleza impecável; e o terceiro (18m57s), um digno finale.


Esse concerto foi inspirado no de Grieg. Quando estudamos composição, muitas vezes o professor pede que façamos uma peça nos moldes de uma existente. Dá pra notar as linhas gerais do norueguês nos três movimentos do do russo. Mas Rachmaninoff o supera em quase todos os níveis.


O Segundo Concerto é a peça mais popular do repertório para piano solista com orquestra. E, possivelmente, a mais gravada. Pianistas como Arthur Rubinstein, Sviatoslav Richter, Géza Anda, Evgeny Kissin, Byron Janis, John Ogdon, Yuja Wang, Lang Lang, Vladimir Ashkenazy, Daniil Trifonov, o próprio Rachmaninoff (Horowitz acredito que não tenha gravado, por alguma razão) e muitos outros, fizeram, às vezes, mais de um registro. Até a música pop (All By Myself) aproveitou linhas deste concerto. Foi até protagonista de um episódio de um seriado!


Começa com uma referência recorrente na obra de Rachmaninoff: a sinos. Apenas no piano, como uma introdução. Logo entra a orquestra com o primeiro tema (43s). O segundo tema é dado ao piano (2m30s), uma melodia linda. Não tenho como descrever como essa música é impactante. Não à toa é o concerto mais executado. O segundo movimento, um belíssimo adagio, começa em 11m48s e tem belos duetos do piano com a flauta (12m35s) e com o clarinete (12m55s). O terceiro movimento (24m) é o mais popular, devido ao seu exótico tema principal, típico de Rachmaninoff, ouvido nas cordas aos 25m50s, logo seguido pelo piano; depois novamente aos 30m19s; e, finalmente no triunfante final, aos 34m08s.


Zimerman se junta ao regente japonês Seiji Ozawa e à então sua, orquestra Sinfônica de Boston para criar uma gravação que tem vigor, frescor, juventude, carisma, potência, romantismo, agilidade e, ao mesmo tempo, peso. É um resultado impressionante. O mundo das gravações de grandes obras não é uma competição pra ver quem toca melhor, mais rápido ou com mais sentimento. Mas, vez por outra, uma gravação se supera e supera claramente todas as outras.


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