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Foto do escritorRafael Torres

Top 10 discos de Chico Buarque

Atualizado: 12 de jan. de 2022

Sim, vou fazer isso. Os 10 melhores álbuns de Chico Buarque na minha opinião. Conto aqui todos os discos de estúdio dele, mesmo aqueles em que ele aparece apenas como compositor (ou letrista).


Tendo aparecido para o mundo no meio dos anos 60, com sambas em geral devedores a Noel Rosa, pelas letras sempre em tom de conversa, em linguagem coloquial, Chico Buarque lançou até hoje mais de 30 discos. O desafio não é exatamente separar os 10 melhores, mas organizá-los. E pode ser que a maneira em que eu os organize hoje seja diferente da de amanhã. Mas vamos lá.


10. Almanaque (1981)

Almanaque não é dos mais conhecidos discos do Chico. Mas deveria. As três músicas que o abrem, As Vitrines, Ela é Dançarina e O Meu Guri (será que até o "cidadão de bem" se sensibiliza com o guri?) estão entre as mais geniais dele. A segunda, aliás, é uma maravilha subestimada do compositor. A letra é espetacular, mas a música é coisa de mestre, cheia de micromodulações. Depois temos A Voz do Dono e o Dono da Voz, muito divertida.


O disco tem ainda Moto Contínuo, a primeira parceria dele com Edu Lobo. E a maravilhosa Amor Barato, com música de Francis Hime. Chico, em parcerias, sempre aparece como letrista. Deve ter pouquíssima coisa que ele musicou. Isso leva à falsa noção de que ele é melhor letrista que musicista. Não é verdade. É um compositor excepcional, talvez, ao lado do Tom Jobim e do Edu Lobo, o maior da nossa música.


9. Chico Buarque (1984)

Tem músicas graciosas, como Pelas Tabelas, Tantas Palavras (com Dominguinhos) e Samba do Grande Amor e outras comprometidamente sérias, como Brejo da Cruz e Mano a Mano (com João Bosco). As mais impressionantes para mim são Suburbano Coração, Mil Perdões e Vai Passar (com o Francis). Tem ainda uma participação de Pablo Milanés na sua Como se Fosse a Primavera. Não tem uma faixa fraca.


8. Uma Palavra (1995)

Esse é um disco estranho. São regravações de canções de vários momentos da carreira dele. Pelo que eu lembro, a história é que, depois de lançar Paratodos, eles iriam lançar um disco ao vivo. Não aconteceu por algum motivo, e eles fizeram em estúdio as músicas do show, excluindo as do Paratodos. Eu só sei que acho fenomenal, Chico está cantando muito (eu defendo que o Chico canta bem, em termos de respiração, interpretação e afinação - o que divide opiniões é o timbre da voz dele, mas veja, uma pessoa pode não ter a voz bonita e ainda assim, ser tecnicamente competente) e o repertório, que inclui Estação Derradeira, O Futebol, Samba e Amor, Eu Te Amo e Vida, é excepcional. Tudo maravilhosamente arranjado pelo Luiz Cláudio Ramos.


7. Paratodos (1993)

Aqui estava consolidada a banda base do Chico. Os arranjos são todos do Luiz Cláudio Ramos, que faz um trabalho excepcional em músicas que não são fáceis. Começa com a música que dá título ao álbum, uma homenagem de Chico a todos os mestres da Música Popular Brasileira. Tem vários momentos brilhantes, como Biscate, que ele canta com a Gal Costa, Choro Bandido (parceria com Edu Lobo), Futuros Amantes e Outra Noite (com L C Ramos).


6. Vida (1980)

Disco de repertório sólido, pra dizer o mínimo. Se um artista tivesse como portfolio só esse álbum, já estaria arranjado na vida. Tem a música título, Eu Te Amo, Bye Bye Brasil, Morena de Angola, Fantasia e outras. Além da linda Mar e Lua, com um arranjo exuberante de cordas.


5. Chico Buarque (1989)

Esse disco só tem maravilha. Dois Irmãos é uma música suspensa, você fica esperando o ritmo deslanchar, mas não vai, e essa tensão (a letra fala em "ritmo do nada") cria um clima que acaba te surpreendendo. Temos arranjos sensacionais das parcerias com Edu Lobo: Na Ilha de Lia, No Barco de Rosa, A Permuta dos Santos e Valsa Brasileira.


Eu me apaixonei pela voz da Bebel Gilberto ouvindo ela cantar Bonita, que parece que foi feita pra ela. Até as leves Baticum (com Gilberto Gil) e Tanta Saudade (com Djavan) são cativantes.


4. Caravanas (2017)

Eu acho que as músicas da MPB atual não se tornam clássicos porque não têm oportunidade de se tornar clássicos. O jabá direciona o gosto musical das pessoas, seja aqui, seja nos EUA, na Europa. Se Chico Buarque não toca músicas novas nas rádios, então que chance eu jamais sequer tive? Caravanas é um disco todo perfeito. São 7 inéditas e 2 regravações. Curtinho. Chico parece que aprendeu a dizer tudo com ainda menos palavras. Clique aqui para ler a resenha que fiz dele.


3. Chico (2011)

Chico. Eu fiz uma playlist chamada Chico XXI. Só músicas dele lançadas depois de 2000. Esse disco entrou quase todo. Chico estava apaixonado, e eu não digo por Essa Pequena, que ele fez para a Thais Gulin, sua namorada à época. Falo por Nina, uma valsa lindíssima sobre um amor à distância. É quase adolescente. Mimosa.


Ele também chama a Thais para cantar Se Eu Soubesse com ele. Outra aparição, essa comovente, é a de Wilson das Neves (morto em 2017), o baterista da banda, por quem ele tinha a maior admiração. Wilson era aquela persona tipo um autêntico sambista de antigamente. Ele canta Sou Eu, a cara dele.


2. Construção (1971)

Construção é frequentemente considerado o maior disco do Chico Buarque. Falar nisso, eu queria ter a edição aí em cima... Ele é um álbum coeso. Outros aqui na lista têm um repertório mais sedutor, noutros ele canta melhor, e em alguns os arranjos são mais bem acabados. Mas aqui marca o momento em que ele deixou de escrever sambinhas ingênuos e passou a ser o dono do grito demente que nos ajuda a fugir.


Tem Deus Lhe Pague, Cotidiano, Desalento, Construção, Valsinha. O disco todo é pra você passar a vida escutando. E depois escutar de novo.


1. O Grande Circo Místico (1983)

O único problema de Construção é a existência de O Grande Circo Místico. Mesmo se tirarmos as instrumentais e pegarmos só as canções, afinal, estamos falando de MPB, é um disparate. Milton Nascimento decretou o nascimento e a morte de Beatriz (eu mesmo, ao gravá-la, tive que me livrar dos rubatos imortais do Milton): depois da dele, qualquer interpretação é desnecessária. Em Sobre Todas as Coisas, Gil está sobrenatural. A Bela e a Fera, Meu Namorado, Ciranda da Bailarina. Eu gravei um disco de Edu Lobo, e tive que pelejar para não gravar só esse disco.

 

Comente aí o que achou. Qual seria a sua ordem? Tem algum favorito seu que eu não coloquei?


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A Arara Neon é um blog sobre artes, ideias, música clássica e muito mais. De Fortaleza, Ceará, Brasil.

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