Por Rafael Torres
A Sinfonia Nº 2, em Mi Menor, Op. 27, do compositor Romântico Tardio russo Sergei Vassilyevich Rachmaninoff foi escrita em 1907. É a primeira sinfonia desse porte a ser abordada pela Arara Neon porque é uma obra colossal, da qual podem ser extraídos muitos significados. Ou nenhum, se preferir. Pode ser ouvida como uma peça abstrata, cujo significado seja nada de extramusical. E, de fato, ela verifica nossa capacidade de escutar 1 hora de música sem, obrigatoriamente, ficar tentando analizar as intenções do compositor.
Mas é uma música gloriosa, linda de morrer, de escrita orquestral brilhante, com climas e humores que só Rachmaninoff sabe fazer. Seu movimento lento, o terceiro, é glorioso. A obra é cultuada até hoje, sendo (das 3 sinfonias do autor) sua mais popular. Se você conseguir vencer os 60 minutos, verá que poucas vezes foi escrita coisa tão bela.
Rachmaninoff tinha 33 anos e era muito respeitado como pianista, compositor e regente. De fato, tinha passado os últimos dois anos como maestro da Ópera Imperial, no Teatro Bolshoi, em Moscou. Mas por se considerar, acima de tudo, um compositor, e por achar que o posto de regente o estava atrapalhando, ele largou o cargo e mudou-se com a família para Dresden, Alemanha. Ele o fez, também, para escapar de um mini golpe, a Revolução de 1905, considerada um ensaio para a de 1917. Lá, ou em Ivanovka, a casa da família de sua esposa na Rússia, onde passavam os verões, foram surgindo obras como a 2ª Sinfonia e o poema sinfônico A Ilha dos Mortos.
Compor uma sinfonia foi uma forma de atiçar seu talento e pôr à prova seu lado psicológico. Porque sua Primeira Sinfonia, de 1897, havia sido um tremendo fracasso, lançando o jovem compositor em uma depressão e um bloqueio criativo que só arrefeceriam 3 anos depois, quando, sob terapia, compôs o 2º Concerto para Piano e Orquestra, que foi um sucesso. Mas compor especificamente uma nova sinfonia seria uma forma de se livrar de vez daqueles três anos infernais.
Assim como o 2º Concerto, a 2ª Sinfonia lhe renderia o prestigiado Prêmio Glinka de composição, na Rússia (com uma bolada de dinheiro), e eficientemente lhe deu confiança como compositor de obras orquestrais.
Um belo dia, após a Revolução de Fevereiro de 1917, quando volta a Ivanovka, descobre-a ocupada por um grupo de homens do Partido Socialista que tinha clamado propriedade sobre a casa. Furiosamente transtornado e prevendo problemas, ele começa a pensar em como poderia sair da Rússia. Em outubro ocorre outra revolução (a, bem, Revolução de Outubro) e ele resolve se mudar com a família (a esposa Natalia Satina e as filhas Irina e Tatiana) para os EUA, partindo em dezembro de 1917.
* Eu sou de esquerda, mas isso não me impede de considerar aterrador o que o Comunismo fez, de Berlim Oriental à Sibéria. Acredito que poucos, na esquerda atual, desejem o Comunismo.
Quando chegou aos EUA trazia uma obra vasta (na verdade, meras 35 composições, mas suas obras eram titânicas) principalmente de música sinfônica e para piano, além de algumas óperas (tanto que compôs pouco, lá, onde passaria o resto da vida com saudade da Rússia, agora, União Soviética). Incluindo essa sinfonia. Rachmaninoff gravou, como regente, não ela, mas a Terceira Sinfonia (obra que também será abordada aqui), com a Orquestra de Filadélfia. Nos Estados Unidos ou em sua casa de veraneio na Suíça, Villa Senar, escreveu mais 10 obras (incluindo a Rapsódia Paganini, a 3ª Sinfonia e as Danças Sinfônicas) chegando ao Opus 45.
Coube ao hoje esquecido Nikolai Sokoloff e à Orquestra de Cleveland (em 1929) fazer a primeira gravação da Segunda. Mas acontece que eles cortaram páginas e páginas, removendo quase metade da obra (que ficou com 35 minutos). E ela seguiu sendo tocada e gravada dessa forma até que, em 1968, Paul Kletzky e a Orchestre de la Suisse Romande fizeram a primeira gravação da música sem cortes, o que passaria a ser norma a partir de então, para nossa felicidade.
A Obra
A orquestra, não tão enorme, inclui 3 Flautas (uma alternando para Flautim); 3 Oboés (um alternando para Corne Inglês); 2 Clarinetes; Clarone (Clarinete Baixo); 2 Fagotes; 4 Trompas; 3 Trompetes; 3 Trombones; Tuba; Tímpanos; Caixa Clara; Bombo Sinfônico; Pratos; Glockenspiel; Violinos 1; Violinos 2; Violas; Violoncelos e Contrabaixos.
A obra, como dito, tem 60 minutos de duração e 4 movimentos, dos quais o primeiro, com cerca de 23 minutos (!), é o maior.
Acompanhe a excepcional interpretação ao vivo do maestro russo Vasily Petrenko com a Orquestra Filarmônica de Oslo.
1º Movimento: Largo - Allegro Moderato (06s)
Introdução - Largo
O Primeiro Movimento começa carregado, um tanto intimidante, nos Violoncelos e Contrabaixos, até que uma pequena manifestação das madeiras traz um caráter um pouco mais vivo.
Aos 25s os Violinos executam uma ideia que será importante: ela se constitui por três notas ascendentes e duas descendentes que se alternam (e mais duas e mais duas). Essa melodia que os Violinos fizeram é o Tema Motto, um tema que irá se repetir dessa maneira ou com alterações por toda a sinfonia. Fiquem atentos, pois não dá para ressaltar cada aparição, menção ou sujestão do Tema Motto.
Agora, tudo isso vai se repetir 2 vezes. Na segunda repetição (2m12s) os Violinos tocam o Tema Motto em Cânon (Violas tocam, depois Segundos Violinos, depois Primeiros Violinos), o que nos lembra um loop e dá ao tema uma característica ainda mais chorosa.
O auge da introdução é quando os Violinos tocam o Tema Motto alterado, cada vez mais agudo (2m59s), em um momento em que parece que a orquestra está a acordar. É um trecho muito bonito.
Após a intervenção dos Tímpanos, Trompetes e Trombones (mas dependendo da edição que você pegar, não haverá tímpanos) (3m29s), a música vai arrefecendo, se acalmando, até que só sobra um Corne Inglês (4m36s). Com ele, Rachmaninoff faz habilmente a transição para a exposição.
Exposição
Aos 4m57s, com dois pizzicatos das cordas graves e tremolos das agudas, começa a exposição. A introdução nos anunciou que essa música não seria fácil. Rachmaninoff não vai nos entregar os temas de bandeja.
Os Clarinetes e o Fagote preparam a entrada do primeiro tema com um motivo de três notas. Até que os Violinos entram com o Tema A (5m04s). Ele tem características de variação daquilo que os Violinos fizeram na introdução, apenas com um ritmo mais vivo.
Repare, aos 6m05s, nos Contrabaixos e Violoncelos: eles fazem o Tema A de maneira apressada. Aliás, esse tema ficará retornando por todo o decorrer da música.
Aos 6m30s, um Clarinete anuncia a chegada do Tema B - mais uma vez, um instrumento solo faz uma ponte importante. Ele é composto por três elementos: as chamadas das madeiras, as respostas das cordas em registro grave e o canto agudo dos Violinos, derivado do Tema Motto. Mais uma vez temos um Tema B que parece destacado da obra. Ele é alegre e jovial. Isso ocorre porque ele precisa contrastar com o Tema A, de modo que dê ao compositor mais possibilidades de expressão.
O Tema B é repetido (7m04s), mas dessa vez o canto dos Violinos nos mostra consequências mais drásticas de seu devaneio, trazendo mais dramaticidade.
Para o fechamento da exposição, aos 7m26s, Rachmaninoff nos dá uma melodia (derivada do Tema Motto) que vai caindo e a orquestra, diminuindo em um belissimo momento, além da bela cantilena dos Violoncelos (7m58s).
A exposição vai acabando de maneira sutil.
A partitura nos instrui a repetir toda a exposição, coisa que Petrenko não faz, aqui.
Desenvolvimento
O desenvolvimento começa aos 8m56s, com um ostinato das Violas. O Tema A (9m00s) aparece em um Violino Solo.
Ele gera uma resposta dos Primeiros Violinos (9m11s) (o Violino Solo, chamado Spalla, pertence aos Primeiros Violinos; mas costuma ser destacado deles em alguns momentos). Logo o ostinato volta.
Dessa vez quem faz o Tema A (9m25s) é o Clarinete, gerando uma nova resposta em tremolo das cordas. Passagem que acaba levando aos lúgubres crescendos da orquestra (10m36s) (10m53s) (11m10s), com o Trompete aparecendo no fim e o Tema Motto sendo esboçado pelas cordas e pelo Clarinete Baixo.
A partir daí, como se despertasse de um sonho, a orquestra vai crescendo e ganhando vigor até explodir, aos 12m30s.
Os ataques ameaçadores dos Violinos (12m36s), junto com os anúncios dos metais, vão nos preparando para a recapitulação. Reparem que, a partir dos 13m, os Violinos já vão nos lembrando do Tema A. Aos 13m29s temos mais explosões, com os Pratos, os Tímpanos e o Bombo Sinfônico sendo acionados.
Aos 14m os Violinos começam a ameaçar algo, a que o Corne Inglês e depois o Oboé se juntam, desenvolvendo-se e transformando-se na frase de ligação entre as sessões. É o fim do desenvolvimento.
Recapitulação
A recapitulação tem início com o Tema B (14m30s), que não foi explorado no desenvolvimento. Recapitular a partir do Tema B não é muito comum, mas Rachmaninoff provavelmente se inspirou em seu falecido amigo e mentor Peter Tchaikovsky, que, ocasionalmente, fazia assim.
Reparem na brilhante escrita orquestral (15m40s). Nesse trecho são feitas referências ao Tema A que seguem adiante, como aos 16m27s, já sem muito ímpeto, meio amolecido.
O Coda se inicia aos 18m20s, quando o movimento muda de caráter. A música termina com um inusitado golpe do Tímpano.
2º Movimento: Allegro Molto (19m18s)
O Segundo Movimento é o que se pode chamar de um Scherzo, com reservas. Um pouco de história: no século XVIII, o movimento de distração era um calmo e tranquilo Minueto. Foi Ludwig van Beethoven, já nos anos 1800, que teve vontade de mudar. Ele deu uma impulsionada em um gênero que era pouquíssimo usado e passou a usá-lo como terceiro (ou segundo) movimento em suas sinfonias, sonatas para piano e outras obras grandes. De 1802, sua Sinfonia nº 2 já adota o scherzo. A motivação era a de que o Minueto é um movimento leve e delicado, enquanto o Scherzo (significa brincadeira), pode ser mais irônico e elétrico, combinando mais com as aspirações do Romantismo. E nunca mais se ouviu falar em Minueto.
O fato é que, do Minueto, o Scherzo herdou o compasso em 3 tempos (3/4), mas Rachmaninoff Boy escreveu, para essa sinfonia, um Scherzo com compasso de 2 tempos (2/4). Não é errado, é só estranho. Talvez por isso ele não a tenha chamado de Scherzo, mas de Allegro Molto. Prepare-se para uma música, em sua maior parte, agitada. Ela terá partes A, B, A, Trio, A, B, A, uma forma típica do Scherzo.
Parte A
Pois bem, o Scherzo começa aos 19m18s. Temos um acompanhamento frenético dos Violinos, com o Oboé, e ouvimos o Tema A, nas Trompas (19m20s). Essa melodia é logo tomada pelos Violinos (19m23s). Aos 19m31s esse trecho é repetido.
Aos 19m46s ouvimos a frase resposta no Glockenspiel. A partir dos 19m53s, eles passam a brincar com o Tema.
Aos 20m25s o Clarinete fica só, para anunciar a Parte B.
Parte B
É uma sessão mais lírica e bem menos afobada. Aos 20m32s os Violinos nos entregam o lindo Tema B. Aos 21m21s temos, nas madeiras, elementos da Parte A, o que significa que ela está para voltar. Aos 21m51s a orquestra começa a acelerar e crescer.
Parte A
Aos 20m01s a orquestra explode com o Tema A, novamente nas Trompas e passando para os Violinos. Repare, aos 22m11s, na declamação do Tema A por toda a orquestra, de maneira meio furiosa. A sessão acaba de modo sutil, com pizzicatos dos Violoncelos e pequenas intervenções dos violinos.
Trio
O Trio, marcado Meno Mosso (menos movimentado), tem início de súbito, com a orquestra em tutti (toda a orquestra). Depois, os Violinos 1, Violinos 2 e Violas, auxiliados pelas madeiras, dão início a uma sessão contrapontística complicadíssima, assombrada por acordes das Trompas, Trombones, Trompetes e Tuba (23m24s).
Aos 24m06s a sessão ganha um novo carácter, ficando alegre, por alguns momentos. Aos 24m42s começa novo crescendo e accelerando, que levam, sem cerimônia à Parte A.
Parte A
Aos 25m01s a música cai no Lá Menor da Parte A. Ela é tocada com alterações na orquestração. Aos 26m07s o Clarinete anuncia a chegada da Parte B.
Parte B
O Tema B é tocado aos 26m13s, pelas cordas. Aos 27m04s eles começam a tocar motivos da Parte A, em preparação para voltar a ela.
Parte A
Aos 27m45s tem início a Parte A, o final do movimento. É tocada com várias alterações.
O Coda chega aos 28m35s, nos metais, com destaque para o Trompete. Depois, os metais graves (28m54s) em coral dizem o que querem dizer e a música termina reticente, casual.
3º Movimento: Adagio (29m30s)
O Adagio tem 3 partes (A-B-A).
Parte A
A música começa aos 29m33s, já proclamando o que optei por chamar de seu Tema B, uma melodia de rara beleza que, por enquanto, é apenas pincelada. A famosa e longa frase do Clarinete, o Tema A, (30m03s) é apresentada com um acompanhamento discreto da orquestra. Este tema é plácido e contemplativo, se estendendo em longas e bem-vindas notas.
Quando o Clarinete vai chegando ao fim (31m54s), o Fagote ainda faz uma finalização de sua frase. A partir de 32m04s a orquestra inicia um crescendo, sob um baixo pedal dos Contrabaixos, que desemboca na plena exibição do Tema B (32m47s), com belas figurações das madeiras.
Parte B
Aos 33m47s os Violinos iniciam a Parte B, com seu Tema C. Eles tocam a melodia em canon, isto é, ouve-se a melodia dos Violinos 2 no encalço da mesma melodia, nos Violinos 1. A Parte B é mais atormentada que a Parte A. O Corne Inglês e o Oboé (33m58s) tocam frases simples, mas que vão elevando a sensação de agonia. As cordas voltam e ficam alternando com o Oboé e o Corne Inglês. Até que, aos 35m52s, a tensão está acumulada, o que leva às frases dos Violinos entrecortadas pelos metais, em um dos momentos mais emocionantes da obra.
Tanta tensão acumulada só poderia nos levar a uma explosão (36m44s), seguida de um acalmamento geral. Os Violinos imediatamente começam a sussurrar o Tema B, misturando-o com o Tema C. Após uma pausa, aos 37m24s, volta a Parte A.
Parte A
O Tema B começa a ser ventilado, primeiro na Trompa (37m29s), a seguir no Violino Solo, no Oboé Solo, na Flauta Solo, Oboé Solo, novamente e, por fim, o Tema volta pianinho, mas com personalidade, ao Clarinete Solo (38m15s), com respostas encantadoras, que são extraídas do mesmo Tema B, dos Violoncelos, em um momento de pura beleza e nostalgia.
Aos 38m40s as cordas voltam a fazer o Tema A, aquele que foi declamado pelo Clarinete no começo do movimento. Mas as consequências, no final, são diferentes. Perceba que temos vários chamados ao Tema B: nas Trompas, no Clarinete, no Corne Inglês, novamente Trompas, na Flauta, novamente Corne Inglês e novamente Flauta.
Daí passamos para a sessão em que a orquestra cresce e se intensifica, tal como na primeira Parte A. Ela vai explodir no Tema B alterado, por parte dos Violinos 1 e 2. A orquestra inteira acompanha.
Depois, começa a se desenvolver, nas cordas, uma linha que vai ficando mais e mais aguda, até que só sobram os Violinos 1 (42m27s), ocasionalmente auxiliados pela Flauta. Ainda temos algumas referências ao Tema B.
Então, o Clarone e as Violas ficam sós, com duas notinhas (43m14s) que levam ao Coda.
O Coda em si consiste no belo acorde cinematográfico (43m29s) que vai se esvaziando até só restarem os Contrabaixos, em pizzicato sobre uma cama discreta de cordas.
4º Movimento: Allegro Vivace (44m34s)
Exposição
Para o Finale, Rachmaninoff preparou um movimento cheio de vida e festividade, em Forma Sonata. O quarto movimento é agitado, rápido e barulhento, mas relativamente simples. Ele faz diversas alusões aos outros movimentos. Começa com uma orquestração (a escrita orquestral) absolutamente brilhante, executando o Tema A. Nesse movimento os metais têm tanta importância quanto os outros naipes. Também é o movimento em que consta mais percussão. A exposição do Tema A é repetida.
Depois desse início frenético, a orquestra cai em Mi Menor (o tom da sinfonia), com mais assertividade, pontuado pela Trompa (45m27s), com pizzicatos das cordas graves. Trata-se do Tema B (45m40s) dominado pelas madeiras com intervenções das cordas.
Logo volta o Tema A, aos 46m16s, com alterações. Uma pancada do Tímpano (47m05s) inicia um interlúdio lírico, tocado pelos Violinos, que parece um devaneio, com longas linhas de cordas e uma tranquilidade quase onírica.
No final do interlúdio temos o soar nostálgico do Tema B do terceiro movimento (50m21s) nos violinos (não confundir com qualquer outro Tema B) e o Tema A do primeiro movimento, na flauta, no clarinete e no oboé.
Exposição
Começando aos 50m50s, a exposição é agitada e complexa. O Tema A aparece de cara, mas todo alterado. Observe que os oboés tocam uma melodia do terceiro movimento. Aos 51m06s as cordas fazem uma finalização do segundo movimento.
Na exposição, o interessante é você encontrar o Tema A, o Tema B, que sempre aparecerão distorcidos, além de, nesse caso, como a sinfonia é cíclica, estar atento para aparições de temas ou até mesmo articulações dos outros movimentos.
Aos 52m os Contrabaixos seguram uma nota. A partir dela surge uma brilhante finalização para a exposição. A orquestra vai crescendo, tomando vida em um tipo de cânon até cair na sessão seguinte.
Recapitulação
Começando aos 52m46s, a recapitulação segue a ordem normal e começa pelo Tema A. Aos 53m47s aparece, nos metais, o Tema B. Eventualmente ele cresce, acelera e desemboca no Tema A, desta vez mostrado em sua plenitude, muito mais longo do que antes. Aos 56m09s surge o interlúdio lírico dos Violinos, mais Appassionato e Agitato. Ele serve como o início do Coda.
A Codetta, a finalização da música em si, é breve, começando aos 57m22s, e dá à obra um merecido final triunfante.
Considerações Finais
A Sinfonia Nº 2 em Mi Menor, Op. 27, de Sergei Rachmaninoff é uma obra prima. Em sua concepção de estrutura de grande porte, em sua orquestração, na beleza de seus temas e passagens.
Foi estreada no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo. Rachmaninoff regeu a orquestra do teatro em 26 de janeiro de 1908. A estreia foi um sucesso.
Das três sinfonias dele, a Segunda é a mais bem sucedida, sendo muito tocada em salas de concerto e muito gravada - há dezenas de gravações.
Gravações Recomendadas
- André Previn regendo a Orquestra Sinfônica de Londres - Por muito tempo foi a gravação de referência da obra, por sua clareza e sonoridade. A mim parece pouco idiomática (não fala realmente a língua musical de Rachmaninoff). Mas é um excelente registro e tem grande importância histórica, pois, mais que a gravação de Kletzky, é a grande responsável pela restauração do hábito de se tocar a sinfonia inteira. É de 1973.
- Vladimir Ashkenazy regendo a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdã - A gravação do especialista em Rachmaninoff Vladimir Ashkenazy é brilhante. Ele pegou uma das maiores orquestras do mundo, uma que tem, acima de tudo, um som sombrio, grave, que se rende perfeitamente à obra. É de 1982.
- Vassily Petrenko com a Royal Liverpool Philharmonic Orchestra - O regente russo do vídeo acima não gravou a obra com a Filarmônica de Oslo, mas com a Royal Liverpool Philharmonic, uma orquestra substancialmente melhor, da qual foi regente titular de 2005 a 2021. Essa gravação é de 2013. É um tanto branda, mas muito musical. Ele repete a exposição do 1º movimento.
- Simon Rattle regendo a Sinfônica de Londres - Para que não digam que não gosto de Sir Simon Rattle, declaro que gosto bastante, em alguns repertórios. Quando assumiu a Sinfônica de Londres, em 2017, tendo saído da Filarmônica de Berlim, ele começou a fazer uma série de gravações. E uma das mais repercutidas foi essa da Segunda Sinfonia de Rachmaninoff, de 2019. É cheia de emoção, extremamente bem tocada e bem regida.
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Um "pequeno" Glossário de termos musicais.
Aqui, 10 Livros Sobre Música Clássica
Compreensão Musical
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Perfil da violinista francesa Ginette Neveu, falecida aos 30 anos em um acidente de avião, em 1949.
Perfil do pianista brasileiro Nelson Freire, considerado um dos maiores dos tempos modernos e falecido em 2021.
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