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  • Foto do escritorRafael Torres

Perfil: Alice Sara Ott - Miyazaki do Piano

A figura esguia, mas segura, da pianista nipo-germânica Alice Sara Ott é imponente. Aprendeu piano com a mãe, a partir dos 4 anos; aos 5 foi finalista de um Concurso Para Jovens em Munique; aos 7 foi vencedora da competição Jugen musiciert; e aos 7 foi nomeada pianista mais promissora, na Competição Internacional de Piano Hamamatsu.


Assim como Khatia Buniatishvili, tem uma irmã pianista, com quem faz dueto (Mona Asuka Ott). Para falar em beleza, Alice Sara, se fôssemos dar importância a isso, é uma das pianistas mais belas. Transmite uma tranquilidade... Sei que não ligamos para isso, mas é bonita!


Alice Sara Ott


Alice Sara nasceu em Munique, Alemanha, de pai alemão e mãe japonesa. Para ela, "música era a linguagem que ia muito além de palavras e que ela queria se comunicar e expressar através da música". Não sei vocês, mas se eu escutasse minha filha falar assim, ela IRIA ser uma virtuose. Os pais dela pensaram o mesmo, colocando a menina em aulas de música aos 4 anos.


Alice Sara é tão impressionante que conseguiu, por volta dos 20 anos, se tornar uma concertista com carreira internacional. Mesmo que seu repertório não seja estrondoso. A inferir pelos seus discos, toca Sonatas não muito chamativas de Beethoven; Valsas de Chopin; Peças Líricas de Grieg...


Mesmo assim, seu primeiro disco foi um com os 12 Etudes d'Exécucion Transcendante, de Franz Liszt. que estão entre as peças mais incrivelmente complicadas do repertório romântico, e ela tira de letra.


Em fevereiro de 2019, divulgou no seu Instagram que tinha sido diagnosticada com Esclerose Múltipla - um distúrbio autoimune que é repleto de sintomas e pode atacar o cérebro. Mas Alice Sara diz que não vai parar de tocar, que seu caso específico pode levar a uma vida normal.


Alice, com o maestro Zubin Mehta tocando e regendo o Concerto em Lá menor de Edvard Grieg.


Alice Sara Ott - Como um pianista escolhe seu piano? Quando um pianista vai se apresentar, a sala de concerto oferece algo entre 2 e 8 pianos diferentes.


Em 2023 lançou o álbum Beethoven, com sonatas e concertos de Ludwig van Beethoven (o concerto nº 1, com a Orquestra Filarmônica da Rádio Holandesa e a maestrina Karina Kanellakis, outra face promissora). Elas vão quebrando uma profunda tradição machista da execução da música clássica: se outrora poderia haver uma pianista mulher, desde que com um regente a lhe domar, agora, temos pianista e regente.


Alice Sara com Karina - duas das maiores intérpretes clássicas femininas.


Também assim como Khatia, é dada a gravar o que eu considero bobagens, como a trilha sonora do filme "Lara" e "Nightfall", um recital que tem umas obras do francês Erik Satie (sempre as mesmas). Mas gravou a versão para 2 pianos de "A Sagração da Primavera".


O crítico inglês Norman Lebrecht escreveu absurdos (transcritos abaixo) a respeito de Alice Sara, que não se conformou e colocou tudo no seu Instagram. Com respostas! Basicamente, ele se queixava (sabe que não é ninguém para se queixar) das obras de Beethoven, a Sonata nº. 17 e o Concerto nº 1, que, para ele, são obras quase infantis, em que o pianista não tem que se esforçar muito para tocar. Ele atribuiu isso à Esclerose Múltipla com que ela fora diagnosticada. E criticou, também, a pianista por ter tornado a esclerose pública. Pura maldade, né?


Lebrecht é um crítico insignificante na vida dessas meninas e Alice teria deixado tudo para lá. Mas ela diz que divulgou sobre a doença justamente porque esta é muito incompreendida, cercada de preconceitos. Ela também respondeu às críticas dele porque elas eram muito não-informativas. Lebrecht é também um bully. Como autor, escreveu vários bons livros de fofoca, dentre os quais, recomendo "O Mito do Maestro" e "Maestros, Obras-Primas e Loucuras".


Com o maestro norte-americano Lorin Maazel, executando o Concerto em Lá Menor, de Edward Grieg.


 


Sobre Alice Sara Ott:


  • Nasceu em Munique, Alemanha

  • Tem 35 anos

  • É a rainha da simpatia, está sempre sorrindo

  • É endossada pela fabricante de pianos Steinway & Sons

  • Tem contrato com a gravadora Deutsche Grammophon, de Berlim, Alemanha

  • Teve sua epifania musical por acidente: seus pais, sem encontrar babá, a levaram a um recital

  • Já gravou mais de 10 discos

  • Seu primeiro álbum com a Deutsche Grammophon contém os 12 Estudos de Execução Transcendental. Ouça o nº 10, que antes era, por direito, de André Watts

  • É sublime, sua interpretação do Concerto de Grieg

  • Alice é, também, uma talentosa designer e ilustradora


Discografia sugerida


  • Liszt - Estudos de Execução Transcendental

  • Tchaikovsky e Liszt - Os Concertos para Piano nos. 1 - Com a Filarmônica de Munique, regida por Thomas Hengelbrock

  • Edvard Grieg - O Concerto e Peças Líricas - Com a Sinfônica da Rádio Bávara, regida por Esa-Pekka Salonen (2006)

  • Chopin - Echoes of Life - A ideia do disco é apresentar os Prelúdios, Op. 24, de Chopin, intercalados com peças que ela acha terem a ver. Vale só pelos prelúdios, que ela toca como ninguém (menos a Martha)

  • Beethoven - Concerto para Piano nº 1, Sonata para Piano nº 14 "Ao Luar" - O disco mencionado acima, com a americana Karina Kanellakis

  • Scandale - A 2 pianos, com Francesco Scandale - Contém a "Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky e "La Valse", de Maurice Ravel



 

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E muito boa tarde!

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