O alemão Richard Wagner (1813-1883) não é um compositor que aparece muito por aqui. Por um simples fato: só escrevia praticamente ópera, e ainda não temos um especialista em ópera. Mas toda ópera tem seus momentos instrumentais, sobretudo na introdução. E são famosíssimas as aberturas e prelúdios de algumas de Wagner.
Hoje venho lhes falar da mais famosa de todas elas. A Abertura da ópera Tannhäuser. Essa foi uma ópera com que Wagner nunca ficou satisfeito. Retrabalhou-a diversas vezes, mas morreu sem estar contente com ela. Ouso, mesmo não conhecendo de ópera, dizer que a abertura é mais conhecida que a peça inteira. Wagner a compôs em 1845, criando a abertura por último.
Repare que beleza, na interpretação da Filarmônica de Berlim, regida por Herbert von Karajan.
A obra
A abertura é facílima de acompanhar. Temos um longo Tema A, que é logo apresentado pelos clarinetes, trompas e fagotes (38s). Depois de um interlúdio dos violoncelos (1m38s), dos violinos (2m09s) e, por fim, do oboé (2m40s), a orquestra faz um crescendo e a carga dramática vai se acumulando. A orquestra executa todo o Tema A, em tutti (2m58s). É um momento de beleza única.
Logo depois, os violinos fazem o interlúdio (3m57s), seguidos pelos violoncelos (4m25s). Daí o Tema A é tocado uma terceira vez, pelos mesmos instrumentos que o apresentaram (4m56s).
Mas, então, temos uma interrupção aos 5m40s. Entramos numa seção menos dramática, na verdade, bem alegre. É a Parte B. Seu Tema Principal (B) aparece nos violinos (7m09s). É leve e jovial. Lembre-se que a abertura captura alguns momentos da ópera, portanto, as mudanças de humor são previstas.
Aos 8m30s o clarinete apresenta o Tema C, de natureza cantante e casual. Temos diálogos entre violinos (8m51s).
O Tema B volta depois de uma preparação formidável (10m). Dessa vez ele vai se intensificando até cair em um acorde que parece um desmoronamento (11m10s). (Houve um corte no vídeo, de um pequeno trecho, aqui).
Aí as cordas já começam a fazer suas escalas ascendentes e descendentes que preparam para a volta do Tema A (11m36s). Ocorre mais ou menos uma repetição do começo, com o tema aparecendo nos sopros, seguido do interlúdio dos violoncelos, depois dos violinos e a preparação das trompas, que nos leva ao Tema A em toda a sua glóra (13m). O coda é curto e ligado a esse tema.
Considerações finais
Essa Abertura ganhou vida própria e é frequentemente tocada nas salas de concertos e gravada, também. Talvez seja, junto à Cavalgada das Valquírias, a música mais famosa do compositor. Em seus 14 minutos de duração, somos carregados por sentimentos de solidão, heroísmo, otimismo e tragédia.
Quando foi apresentar a música em Paris, Wagner adaptou alguns trechos e incluiu uma dança na ópera. E depois, juntou essa dança à abertura. Chama-se Abertura e Bacanal. Não gosto muito, acho vulgar. Algumas gravações são da Abertura e Bacanal. Mas não as que eu vou indicar.
Gravações recomendadas
- Georg Solti, com a Filarmônica de Viena - Solti tinha um jeito de reger Wagner que dava certo. Seu homérico projeto de gravar as 4 óperas que compõem o ciclo O Anel dos Nibelungos foi um sucesso, e os discos estão entre os mais vendidos de música clássica. Essa gravação da Abertura de Tannhäuser é de 1962, e hoje está numa coletânea de obras orquestrais de Wagner.
- Claudio Abbado, com a Filarmônica de Berlim - Essa é a gravação mais emocionante que eu já escutei. Foi gravada por volta de 2002.
Gostou? Comente!
Uma opção para o dilema de tocar ou não Música Russa nos concertos hoje em dia.
Aqui, 10 Livros Sobre Música.
Veja aqui:como ouvir música clássica.
Veja também:
E veja nossas famosas listas:
E análises de obras: