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Foto do escritorRafael Torres

Músicas Fofinhas 5 - Fantasia Tallis, de Vaughan Williams

O compositor inglês Ralph Vaughan Williams é um orgulho da sua terra. A música brtânica foi gloriosa na Renascença e depois, passou mais de um século sem nos trazer compositores dignos de nota - acho arriscado falar isso, porque deve ter existido um bom punhado de bons compositores nesse lapso. O fato é que quando falamos de música britânca temos.


Barroco: foi diminuindo, com Henry Purcell, George Frideric Handel (alemão, mas tá valendo), John Blow;

Classicismo: Seu ninguém;

Romantismo: Seu ninguém até que Edward Elgar, compositor do final do romantismo que voltou a trazer música de qualidade e força incontestáveis. Foi o chamado renascimento britânico. Dele vieram os modernos:

Século XXI: aí não parou mais, com Mark-Anthony Turnage, Thomas Adès e uma profusão de outros.


Então, está entendido. Teve John Dowland e Orlando Gibbons, da chamada música virginal, na renascença, e depois, nada, até Elgar, que fez os uma outra infinidade sair do armário.


Três desses compositores têm obras muito tocadas. Muito, mesmo. Gustav Holst compôs a célebre suíte Os Planetas, atribuindo uma personalidade a cada um dos 8 planetas do sistema solar. Ele não conhecia Plutão, que foi descoberto depois, daí um monte de compositores tentou "completar" a suíte. Nunca deu certo. E aí, acabou que Plutão nem planeta era. Holst estava certo. Benjamin Britten tem o fabuloso Réquiem de Guerra e o famoso Guia da Orquestra para Jovens. E, por fim, Ralph Vaughan Williams compôs 9 sinfonias e muita música de câmara.


É dele que vamos falar aqui. Esse hiato não foi uma coisa discreta, não. Até que surgisse Elgar, achava-se que a Inglaterra tinha esgotado. Então, quando essa nova leva vem, eles fazem muitas homenagens aos compositores da Renascença. Mas compositores como esses que eu falei, eram mestres na orquestração e tinham uma inspiração que, se às vezes um pouco sonolenta, deu de nos trazer sons de beleza incontestável.

Vaughan Williams era considerado o ápice desse letargia. Dizia-se que "escutar sua música era como ficar olhando para uma vaca, olhando uma porteira". Isso é uma besteira que disseram e ficou famosa. Mas é um pouquinho verdade. A música dele não anda pra frente. Parece uma sucessão suspensa de sons bonitos, pelo menos na maior parte das vezes (ele pode pegar fogo, como na 4ª e na 6ª Sinfonias).


Mas eu lhes trago aqui uma peça de beleza incontestável. A Fantasia Sobre um Tema de Thomas Tallis ou, simplesmente, Fantasia Tallis. Não falei que eles homenageavam compositores renascentistas? O tema de Tallis é um dos 9 que compõem Tunes for Archbishop Parker's Psalter, que é uma coleção de Salmos do Arcebispo Matthew Parker que ele musicou. O Salmo é Why fum'th in sight. Esta belezinha aqui:

Vaughan Williams extraiu desse coro o tema para a sua Fantasia, para orquestra de cordas. Agora observe que beleza essa obra. Quanta expressividade ele extrai de uma orquestra só com cordas! Ouça, na versão da Orquestra Philharmonia, regida por John Wilson:

A obra é uma Fantasia, ou seja, não tem pretensão de se comportar como uma arquitetura muito complexa. Se bem que o trabalho de contraponto é fenomenal. Ela dura uns 15 minutos, podendo ser mais ou menos, a depender dos executantes. Qualquer dia venho falar sobre as Sinfonias Nos. 4, 5, 6, 7, 8 e 9.


Gravações recomendadas


- John Barbirolli com a Orquestra Sinfonia of London (sim, tenho certeza) - É simplesmente de cair o queixo. O som dessa orquestra, o tratamento que se dá às dinâmicas e a desinibição da interpretação (muito mais sonora do que a que você ouve nesse vídeo aí em cima), fazem dessa gravação, bem como de todas as outras nesse belo disco de 1963 chamado "Música Inglesa para Cordas", uma coisa rara. É um daqueles discos que são preciosos do começo ao fim.


- Antonio Pappano, regendo a Orquestra Sinfônica de Londres - Uma gravação lançada como single, de 2021. Também é de uma beleza sem par.

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