Vamo lá. Não tô indo na ordem de qualidade, de fama, de minha preferência, nem nada. Só vou falar sobre as orquestras dessa lista pra vocês conhecerem mais como operam. Talvez eu fale até de orquestras que não estão na lista. Vamos à maior orquestra da Áustria.
A Orquestra
A Filarmônica de Viena é uma das 3 maiores orquestras, certamente. Quase tão famosa quanto a de Berlim e tão refinada quanto a do Concertgebouw, é uma orquestra cheia de peculiaridades. Cheia, cheia.
A começar pelo fato de não ter um regente titular. Aquele que vai trabalhando o conjunto durante anos, que a faz ter o seu (do regente) som. Um cara pra chamar de "o maestro da Filarmônica de Viena". Não têm. Ela é mais uma instituição. Vamos entender.
Os músicos que entram pra Filarmônica são aqueles que mais se destacam em outra orquestra, a da Ópera Estatal de Viena. Tem que passar pelo menos 3 anos nela, tocando ópera e balé (situações em que a orquestra é secundária, mas há grandes conjuntos que fazem isso) para poder fazer um requerimento para ocupar uma eventual vaga na VPO (Vienna Philharmonic Orchestra).
Estes músicos são muito valorizados. O violinista Wolfgang Schneiderhan, o flautista Wolfgang Schulz e o clarinetista Karl Leister são só alguns exemplos que alcancaram fama internacional. A orquestra faz sua temporada anual no Musikvereinsaal. Todo ano eles elegem um regente. Por isso, e pelo prestígio que é reger a VPO, todo maestro que você imaginar já passou por lá. Desde Hans Richter e Gustav Mahler, passando por Karl Böhm e Herbert von Karajan, até os talentos modernos Andris Nelsons e Gustavo Dudamel.
Eles foram regidos por e estrearam obras de compositores como Johannes Brahms, como suas sinfonias Nos. 1, 2 e 3 (regidas por Hans Richter) e as Variações Haydn (regidas pelo seu próprio punho). Estrearam a 8ª Sinfonia de Anton Bruckner, com o mesmo Richter regendo.
O Musikverein
A famosa sala de concerto está entre as melhores em forma de "caixa de sapato" do mundo, tanto por sua beleza quanto pela acústica. A sala maior (Großer Saal) acomoda 1.744 pessoas sentadas e 300 em pé. Ainda tem a Sala Brahms e outras 3 menores para recitais e música de câmara.
Em 1913 ocorreu o Skandalkonzert (algo como concerto do escândalo), que foi uma apresentação de música moderna regida por Arnold Schönberg, análoga à estreia da Sagração da Primavera, em Paris, que viria a acontecer dois meses depois. Também conhecido como Concerto do Tapa (o organista deu um tapa num membro do auditório), seu repertório chocou o público, e teve de ser encerrado antes do previsto. Era música a expressionista e atonal de Schönberg, Webern e Berg, da qual eu não sou muito fã (mas não quero levar nenhum tapa por isso).
A sala também recebe o famoso concerto de ano novo, que é, bem , todo ano. Eles tocam música leve, como as valsas e polkas de Joseph, Johann e Johann II Strauss, bem como obras de Offenbach e outros compositores, geralmente austríacos.
As Peculiaridades
Os instrumentos pertencem à orquestra, alguns raríssimos, como Stradivarius, Amati e outros.
A Filarmônica de Viena afina em 443 hz para a nota lá (o normal é 440). Por que? E eu sei?
A primeira mulher a reger a orquestra, Simone Young, o fez em 2005 (é uma instituição, nesse sentido, muito arcaica, tendo até hoje pouco mais de 15 mulheres no seu efetivo).
O fagote é tocado sem vibrato.
Os trompetes e trombones são menores.
Os oboés e as trompas são diferentes etc... Só pra citar algumas coisas que tornam o som dela único no mundo. A Áustria e a cidade de Viena, sua capital, têm muito orgulho da sua orquestra, que é fruto de muito trabalho, alguma doidice e uma longa e bela história.
Gravações Importantes
- Ludwig van Beethoven - As Sinfonias - regente: Andris Nelsons - uma gravação limpíssima e com o som maravilhoso.
- Jean Sibelius - Sinfonias Nº 1, 2, 5 e 7 - regente: Leonard Bernstein - Bernstein, o regente americano mais celebrado do século XX, era um grande sentimental. Ele extraía das orquestras grande expressividade. E eletricidade.
- Pyotr Tchaikovsky - Sinfonia Nº 6 (clique para saber mais sobre a sinfonia) - regente: Valery Gergiev - um russo regendo uma das grandes orquestras nessa sinfonia medonha de bela. Não acredito nessa coisa de "só um russo sabe reger um russo". Besteira. Mas acontece algo nessa gravação.
- Joseph Haydn - Sinfonias Nos. 94 "Surpresa" e 101 "O Relógio"/Johannes Brahms - Variações Haydn - regente: Pierre Monteux - acreditem, Monteux era um gênio. Nunca vi Haydn regido assim. O Brahms é com outra orquestra, de que ainda falaremos: a Sinfônica de Londres.