Algumas curiosidades que eu achei interessante colocar aqui. Espero que formem um conjunto acima de tudo elucidativo sobre o papel do rengente.
Poucos regentes são mulheres. Ou poucas têm destaque. Certamente tem a ver com machismo. E também com tradição, que elas estão criando agora. Algumas são: Marin Alsop (americana, regeu a Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo), Susanna Mälkki (finlandesa, rege a Filarmônica de Helsinki), Mirga Gražinytė-Tyla (lituana, rege a Sinfônica da Cidade de Birmingham), além de Alondra de la Parra, Joana Carneiro, Nathalie Stutsmann e outras.
Homossexuais também são poucos. Até os anos 90 era quase impossível um regente se declarar gay. Um exemplo famoso era Leonard Bernstein, o maestro americano que morreu em 1990 e nunca expôs suas preferências sexuais. Mas pouco a pouco eles vão perdendo o medo.
Alguns maestros morreram regendo: Dimitri Mitropoulos (teve um ataque cardíaco enquanto ensaiava a 3ª de Mahler), Giuseppe Sinopoli (ataque cardíaco aos 54 anos quando regia a ópera Aida), Joseph Keilberth (teve um colapso quando regia ópera no mesmo pódio em que, em 1911, morreu Felix Mottl), Eduard van Beinum (ataque cardíaco ensaiando a 1ª de Brahms) e um punhado de outros.
Alguns regentes, como Arturo Toscanini, Herbert von Karajan, Daniel Barenboim e Vladimir Ashkenazy se tornam tão famosos quanto Pop Stars.
Os regentes de primeiro escalão ganham muito dinheiro. Facilmente ultrapassam 3 milhões de dólares em uma temporada em uma orquestra. E geralmente eles têm vínculo com 3 ou 4.
Alguns compositores foram regentes de maior ou menor sucesso. Temos gravações de Rachmaninoff, Stravinsky, Lutosławski, Penderecki e Villa-Lobos regendo suas próprias obras; e Boulez e Previn, que se tornaram regentes realmente respeitados e gravaram de tudo.
Praticamente todo regente sabe tocar piano. Não necessariamente como virtuose, mas eles sempre reduzem a partitura orquestral para piano para aprendê-las. Além disso, regentes de ópera muitas vezes ensaiam os cantores acompanhando-os ao piano.
Entre os regentes que são pianistas virtuoses temos Daniel Barenboim, Vladimir Ashkenazy e Andre Previn.
A leitura de partitura tem que ser excelente. Muitos regentes aprendem as obras só com a partitura, digamos, durante um voo. Eles batem o olho e têm uma ideia de como soa.
Alguns são infernais e gritam com os músicos. Principalmente antigamente. Dá pra ver ensaios no YouTube em que eles destroem os instrumentistas. Mas a maioria é amigável.
Muitos maestros preferiam reger sem a batuta: Leopold Stokowski, Valery Gergiev, Dimitri Mitropoulos e Pierre Boulez.
Às vezes (uma vez na vida) a um maestro é dada a oportunidade de simplesmente montar uma orquestra com orçamento ilimitado; ou aprimorar uma, contratando músicos, construindo a sala de concerto. É o sonho de todos eles. Aconteceu no Brasil, quando John Neschling reformulou a Sinfônica Estadual de São Paulo e na Inglaterra, quando Simon Rattle reconstruiu a Sinfônica da Cidade de Birmingham.
Existem maestros especializados na interpretação com instrumentos e técnicas de época. São as Interpretações Historicamente Informadas (HIP, sigla em inglês), de que falo nesse post.
Alguns regentes brasileiros tiveram uma carreira de destaque lá fora: Eleazar de Carvalho, cearense de Iguatu; John Neschling, carioca; Roberto Minczuk, paulista.
Tem dois regentes que eu não consigo mais escutar devido a seus comportamentos: James Levine (pior que ele é excelente) e Charles Dutoit, que já foi casado com Martha Argerich. Ambos se envolveram em escândalos de abuso e assédio sexual.
Gostou do post? Comente aí em baixo.
E não se esqueça de conferir: