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Classicismo - Os Períodos da Música IV - Parte II

Por Rafael Torres

Sempre gostei do classicismo. Tenho que confessar que isto é verdade graças ao Movimento HIP. O primeiro disco que me fez apaixonar pela música de Mozart, era um de Christopher Hogwood regendo a Academy of Ancient Music e o clarinetista Anthony Pay e o oboísta Michel Piguet. Eu quase rasguei aquele disco (de tanto escutar, o CD vai perdendo a camada de informações, no que a gente chama de rasgar). Hoje, tenho uma caixinha com três CDs com todos os Concertos de Mozart para instrumentos de sopro, por Hogwood: o dos para Flauta (o segundo é uma cópia em Dó Maior do Concerto para Oboé), o para Oboé, o para Fagote, os 4 para Trompa, o para Flauta e Harpa e o majestoso e último concerto de Mozart - para Clarinete.

Não pretendo encerrar essas questões: sobre os períodos da música erudita europeia. Na faculdade, temos semestre após semestre de história da música, e ainda somos estimulados a comprar (ou, digamos, "refabricar") um Grout/Palisca, livro fundamental, que custa (digamos) o dinheiro da merenda de um ano. Até pra fazer a fotocópia é caro, porque são milhares de páginas.

Joseph Haydn, o pai da Sinfonia.
Joseph Haydn, o pai da Sinfonia.

Mas eu recomendo, se você quiser se debruçar sobre este assunto tão fascinante:


  • A História da Música - Otto Maria Carpeaux, que todo mundo vai te dizer para não levar a sério (e você vai se pegar pensando "Por que estou lendo um livro que não devo levar a sério? Maldita Arara!"), mas é um excelente primeiro passo;

  • A Vida dos Grandes Compositores - Harold C. Schonberg - Perceba, não há nenhum parentesco com o compositor Arnold Schönberg. Também é uma ótima iniciação, focando em biografias de dois ou três compositores por capítulo. Fundamental, assim como todos os livros dessa lista;

  • Música Impopular - Júlio Medaglia, maestro brasileiro que vai te contar sobre o início da música moderna, desde Eric Satie, Debussy, Ravel, Stravinsky, até a música de cinema que era feita na época em que escreveu o livro.

  • A Sagração da Primavera - Modris Eksteins, também é um livro episódico, em que o autor vai nos contar o Século XX a partir da noite de 29 de maio de 1913, em que foi estreado um balé com música de Igor Stravinsky que mudaria não só a música, mas o mundo.


E os sérios, para quem quer entender mesmo a evolução da música.

  • História da Música Ocidental - Jean e Brigitte Massin - Quando você vir no título "Música Ocidental", é porque é sério. Eles já passaram pela discussão da música clássica ser um fenômeno ocidental e, até o século XIX, eurocêntrico. E vão nos contar, na melhor das suas possibilidades, sobre essa música, que é riquíssima e que nos ajuda a compreender a história do mundo.

  • História da Música Ocidental - Donald J. Grout e Claude V, Palisca - "O Palisca"... Na faculdade, era o mais recomendado (caro demais para ser exigido). Lembro de perguntar à mamãe, que também cursou música na UECE: "Mãe, tem um Palisca aí?". E ela tinha. Acho que tenho até hoje. Ele já foi atualizado e ampliado, inclusive pelo Grout, e se mantém como nossa fonte mais confiável sobre a música. O croata Palisca morreu em 2001.


 

Sturm und Drang


Pois bem. Até agora, temos uma música completamente pacata e inofensiva. Temos a música de câmera (trios, quartetos e quintetos), a música para piano (sonatas, rondós e variações), a orquestral (serenatas, Mozart fez muitas, sinfonias e concertos), música sacra (Haydn: As Últimas Palavras de Cristo na Cruz; Mozart: Grande Missa em Dó Menor e o Réquiem) e ópera (as mais conhecidas são de Mozart: Don Giovanni, A Flauta Mágica etc.).


Entre 1760 e 1780 o mundo Germânico se vê tomado por um movimento artístico diferente. Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), que preconizava que, nas artes, o individualismo, as lutas internas, enfim, o ser humano e, especialmente, seus arroubos sentimentais deveriam prevalecer.


Em 1776, o dramaturgo Friedrich Maximilian Klinger publica uma peça sobre a Revolução Americana. Concorda-se, em geral, que já havia música e literatura nesse espírito desde, pelo menos 1760. Mas é com a montagem da peça, no ano seguinte que se tem um marco histórico bem definido. O movimento foi liderado por Johann Wolfgang von Goethe, na literatura e teve em Mozart (especialmente na Sinfonia Nº 25, em Sol Menor) um grande representante (ainda que se busque afastar dele a influência do Sturm und Drang e atribuir essas mesmas características à música de Viena, em sua época) na música. Ouso acrescentar que este movimento, em pleno classicismo, já era um aceno ao romantismo, essencialmente do século seguinte (o XIX).


E os tempos estavam ficando violentos. A revolução francesa conduziu muitos aristocratas para a forca. Mozart, que, em 1781 mudara-se para Viena a fim de tornar-se o primeiro compositor free lancer, isto é, não empregado a uma corte, da Europa. Pode-se dizer que não conseguiu, mas agora, em 1791, no último ano da sua vida, temos motivos para crer que isso ia mudar. Não fosse a doença, a morte e os acontecimentos desta postagem.


 

Parêntesis para Beethoven


Em 1787 visita Viena um jovem de Bonn, chamado Ludwig van Beethoven, e lá passa duas semanas, a fim de falar com Mozart e, possivelmente, ter aulas com ele. Não se sabe se esse encontro aconteceu. Por Bonn, em 1790, temos a passagem de Haydn, que ouve o jovem tocar e se compromete a lhe dar aulas, quando voltasse de Londres.


Beethoven vai de vez para Viena em 1792 e tem aulas por correio de Contraponto com Haydn, violino com Ignaz Schuppanzigh e de composição de ópera italiana com Antônio Salieri (habilidade que ele jamais usaria, mas sua relação com Salieri continuou boa até, pelo menos, 1812). Assim que chega a Viena, Beethoven fica sabendo da morte do pai (Nota mental: escrevi Morte do Pai iniciando em maiúsculas. Que será isso?).


Fica de saco cheio de ser comparado a Mozart e apontado como o "próximo Mozart". E, a partir de 1795, ele se torna de fato o primeiro músico free lancer. Arranjava um fim de semana num teatro, sentava-se ao piano, improvisava e tocava músicas recém publicadas.


Existem 3 Beethovens em um só. O primeiro era esse do período clássico. São composições dos anos 1790, como os dois primeiros Concertos para Pianos, as duas primeiras Sinfonias, os três primeiros Trios com Piano, os primeiros 6 Quartetos de Cordas e as primeiras 12 Sonatas. Em todos eles, Beethoven experimentava e expandia as possibilidades musicais. Por exemplo, ele começou a usar, no terceiro movimento, o Scherzo, em vez do Minueto. Seu Scherzo podia bem mais. Enquanto o Minueto era "para relaxar", o Scherzo aproveitava para ser música, com conteúdo e força próprias. Praticamente todos os compositores que vieram depois de Beethoven usaram, no terceiro movimento das suas sinfonias ou sonatas, um Scherzo.


O tal Scherzo, de que falo, começou assim: como uma forma de Beethoven não pausar o fluxo de raciocínio da música e, simplesmente, dar continuidade a este. Vocês podem perguntar: mas não é melhor retirar o Scherzo? Não. O Minueto, às vezes, sim, mas o Scherzo contém elementos essenciais no discorrer da música. A palavra significa brincando.


Vejam abaixo o denso Scherzo da 9ª Sinfonia de Beethoven.


Claro que não vão compreender o Scherzo sem antes ouvir o Minueto e desconhecendo o restante da obra.


No vídeo abaixo, o Minueto está aos 14m16s. Sendo de Mozart, claro que é interessante, mas não essencial.


Ouça, abaixo, um verdadeiro Scherzo de Beethoven incorporado à Sinfonia. Trata-se da 3ª Sinfonia, apelidada de "Eroica", dele. O Scherzo começa aos 32m02s. Só isso já nos mostra o quanto o compositor lutava para "educar" o público em Viena. Aos 30 minutos, a Sinfonia de Mozart e Haydn está dando seus acordes finais. Ou os deu há 5 minutos.



Na prática, um Scherzo é um movimento um tanto mais rápido que o Minueto e, assim como este, contém as partes A-B-A, sendo B chamada de Trio (isso porque, geralmente, mesmo hoje em dia, o trio, quando não é tocado por três instrumentos da orquestra, dá a sensação de que sim, pois são três vozes).


Antes que eu me esqueça, os outros dois Beethovens são do romantismo.


Fecha Parêntesis para Beethoven


 

Outros compositores importantes do Classicismo


Carl Philipp Emanuel Bach - O segundo filho de Bach e Maria Barbara foi um dos compositores mais famosos da Europa na era do Classicismo. Era prolífico, especialmente em composições para teclado, em Trio-Sonatas (que Haydn transformaria em Trio com Piano - Violino, Violoncelo e Piano) e sinfonias. Karl Philipp passou por tudo. Teve educação musical barroca, com contraponto, as formas barrocas, etc., sobreviveu à passagem do Estilo Galante, tornou-se um importante compositor do classicismo e ainda observou a interferência do Sturm und Drang.


Johann Christian Bach - Esse era o caçula de Bach com sua segunda esposa, Anna Magdalena. O "Bach Inglês", porque foi na Inglaterra que sua carreira atingiu seu ápice, enquanto seu irmão Carl Philipp Emanuel era o "Bach de Berlim" e, posteriormente, o "Bach de Hamburgo", quando recebeu de Telemann, seu padrinho (lembram dele?) o cargo de Kapellmeister de Hamburgo.


Gioachino Rossini - Nascido já no final do período clássico, Rossini meio que se recusou a ser um compositor romântico, com suas óperas, aberturas e música de câmara, que mais pareciam Haydn. Além disso, o compositor Bolonhês morava na França, meio alheio às inovações de Beethoven. E, em seus últimos quarenta anos como compositor, misteriosamente, não escreveu uma ópera sequer.


Christoph Wilibald Gluck - Compositor alemão de ópera Francesa e Italiana. Compositor de Orfeu e Eurídice, Iphigénie en Aulide e Armide, era realmente muito conhecido na época. Hoje, suas óperas ainda são montadas. Mas correu para fora das casas de Ópera sua obra (minúscula) mais conhecida. Veja a Melodie, de Orfeu e Eurídice, transposta para piano por GIovanni Sgambati, compositor e pianista Italiano que viveu entre os séculos XIX e XX.



Luigi Boccherihni - Contemporâneo de Mozart. É um dos maiores contribuidores, no Classicismo, para a ascensão do violão. Embora pouco tenha escrito para o instrumento como solista, escreveu vários quartetos e quintetos para violão e cordas. Sua obra mais conhecida, porém, é um concerto para Violoncelo, inicialmente alterado pelo violoncelista alemão Friedrich Grützmacher. Recentemente, foi, através de pesquisa musicológica, restaurado à sua versão original.


Carl Ditters von Dittersdorf - Este compositor, violinista e silvicultor austríaco era amigo de Mozart e Haydn. São conhecidas suas sinfonias 1-6 "Sobre as Metamorfoses de Ovídio".


A Primeira Escola de Viena


Primeira escola de Viena é um nome extremamente problemático que teimam em atribuir ao trio Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. Problemático porque não é "Primeira" nada e não é "Escola" nada. Quando vemos o nome original, no alemão, minha revolta diminui (um pouco). Wiener Klassik. Música Clássica Vienense. Tudo bem. Mas e o restante da música que era feita em Viena no mesmo período?


Além do mais, Haydn foi o único que, com toda a certeza, conheceu os outros dois. O termo "Primeira" veio quando apareceu a "Segunda", com os compositores Arnold Shoenberg, Alban Berg e Anton Webern, já no começo do século XX. Quer ler a minha opinião sobre estes? Leia!


Então, você está chamando de Primeira Escola Vienense algo que de "Primeiro" só tinha Beethoven (foi o único revolucionário do trio), que, de "Escola", não tinha nada (posso garantir que quase nenhum dos três pretendia mudar a maneira com que se fazia música na Europa). E, ainda, que nenhum era nascido em Viena. Haydn sequer morava lá. Mozart = Salzburgo, Haydn = Rohrau e Beethoven = Bonn (este era da Alemanha). Me parece coisa que você diz se quiser se passar por espertinho. Tipo:


"Ai, a Segunda Escola Vienense me parece tão tediosa, se comparada à Primeira!"


"Ai, a Primeira Escola Vienense me parece tão tediosa, se comparada à Segunda!"


Ou seja, linguajar de crítico! Ou seja, frescura!


 

Dessa vez você vai entender a diferença entre interpretação moderna (ou romântica) e interpretação histórica


Primeiro, ouça a gravação de um trecho do Réquiem de Mozart (o Rex Tremendae) pelo maestro Karl Bohm, com a Filarmônica de Viena, coro e solistas.


Agora vamos ouvir a mesma música tocada à maneira de Interpretação Histórica, pela Orquestra e Coro Academy of Ancient Music, Coro da Catedral de Westminster e solistas.



Percebeu? No segundo vídeo a música é muito mais seca, lépida, ritmada. Há menos instrumentos, as dinâmicas (do pianíssimo ao fortíssimo) são apresentadas de outra maneira,


O que mudou? Qual delas prevaleceu?

Os pregadores da interpretação histórica não têm do que reclamar. Há muitas orquestras com "instrumentos de época" por aí. E além disso eles intimidaram os grandes maestros, que já não tocam muito Música Barroca, a maneirar na Música Clássica. Não exagerar nos rubatos (rubato é uma espécie de freada que a música dá, seguida de uma aceleração. Ela está na partitura, é um desejo do compositor, mas exagerar é considerado de mal gosto.), adotar articulações claras e pedir menos instrumentos para obras mais antigas.


O resultado é que tanto há espaço para músicos de interpretação histórica quanto nas grandes orquestras sinfônicas se vê um esforço para adotar algumas mudanças, ao tocar música Barroca ou Clássica. O maestro Claudio Abbado foi um gigante que admirava muito os teóricos HIP, como Nikolaus Harnoncourt. Por outro lado, o próprio Harnoncourt gravou obras românticas, como Sinfonias e Poemas Sinfônicos de Antonín Dvořák.


Veja como Abbado, regendo a Filarmônica de Berlim, coro e solistas, faz uma interpretação que pende para o HIP (mesma obra, mesmo trecho).



 

Música de Transição?


Certamente. Pode-se enxergar dessa forma. Principalmente porque o Classicismo não ocorreu em outras áreas. Na literatura, por exemplo, fala-se em: Primeira Maturidade (Séculos XV a XVIII), Segunda Maturidade (Séculos XVIII a XX) e, em português, existe até o arcadismo, que corresponde temporalmente mais ou menos ao Classicismo. Mas não existe um movimento na pintura, na arquitetura ou na literatura que tenha todas as características do classicismo. Verdade que todas as artes se voltaram novamente àquele ideal de limpeza e inteligibilidade absurdas da Antiguidade Grega. Foi, também, o que a música fez. Removeu os ornamentos e as camadas ricamente elaboradas da música barroca e era capaz de existir apenas com uma linha melódica e um acompanhamento.


E foi uma transição rápida como nunca tinha se visto. Lembram da idade média? Em que os séculos se passavam sem que nada evoluísse? Da música renascentista? Aqui, não. Em 50 anos, graças a Mozart, Haydn e Beethoven, já estávamos no romantismo, que corresponde quase que perfeitamente ao Século XIX.


Quando Mozart morreu, em 1791, ia nos deixando o Réquiem, obra que, a meu ver, se ele tivesse completado seria romântica. Haydn compôs 12 sinfonias enquanto estava em Londres, incluindo a sua última, 104ª, "London". Em suas últimas obras, Haydn começa a usar o Scherzo.


Ouça o Scherzo da Sonata em Fá Maior, executado por uma IA.

Página Inicial do Manuscrito da Sinfonia Nº 104, "London", de Joseph Haydn.
Página Inicial do Manuscrito da Sinfonia Nº 104, "London", de Joseph Haydn.

Vou lhes deixar com uma playlist do período Clássico e nos vemos no Romantismo, com personagens fantásticos como Beethoven, Carl Maria von Weber, Hector Berlioz, Robert e Clara Schumann, Franz Schubert, Johannes Brahms, Felix Mendelssohn-Bartholdy e muitos outros.



 

Gravações recomendadas


- Beethoven - Concertos para Piano nos. 1 e 2 - Com a Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, regida por Kurt Sanderling, com Mitsuko Uchida ao piano - Foi lançado em 1998 como parte de uma integral dos concertos para piano de Beethoven (são 5). Uchida e Sanderling se dão o luxo de alternar entre duas das maiores orquestras do mundo, a da Rádio Bávara (Concertos 1, 2 e 5) e a do Concertgebouw de Amsterdam (Concertos 3 e 4)


- Haydn - Name Symphonies - Com a Orquestra Haydn Austro-Húngara regida por Ádam Fischer. Haydn escreveu 104 ou mais sinfonias. Se voçê está começando agora, ou está atualizando sua paixão pela música erudita, é um bom começo conhecer as 31 que têm nome. No futuro você ouvirá músicos se queixando que uma certa obra não é muito tocada porque não tem nome, etc. Aí você responde: "Mas 104, né meu amigo? TInha que começar de alguma maneira". Ao contrário de Mozart, cujas sinfonias só são tocadas, no máximo, a partir da 21 até a 41, as de Haydn vêm perfeitinhas desde a Nº 1. Sem sinfonias de exercício. A interpretação de Ádam Fischer, irmão do também maestro Iván Fischer, é na medida certa, quase irrepreensível, especialmente se você compará-la à versão meio Nutella da Academy of St. Martin in the Fields com Neville Marriner. Esta coletânea, extraída do empreendimento de Fischer e sua orquestra de gravar todas as sinfonias de Haydn, é de 2007.


- Haydn - 11 Sonatas - Por Alfred Brendel - DIsco quádruplo do mestre Alfred Brendel, de 1986, trata-se de uma coletânea, um amálgama de três discos gravados entre 1979 e 1985. As sonatas de Haydn, assim como as sinfonias, são especiais. Diferente de Mozart, que usa pura musicalidade, Haydn lhe mostra como cada compasso foi obtido com trabalho e aplicação de teoria. Nem por isso são menos interessantes. E Brendel tocando... Melhor que ele, só Alexis Weissenberg, nesse repertório, mas Alexis gravou apenas 3 sonatas.


- Mozart - Sonatas para Piano Nos. 16 e 15 e Rondó em Lá Menor - Por Mitsuko Uchida. A rainha pianística de Mozart. 16 e 15, coloquei, porque é como vem no álbum. O toque sutil e, ao mesmo tempo, envenenado da pianista devia ser congelado para a posteridade. Aliás, já foi: está neste CD e em qualquer outro dela. De 1984.


- Mozart - Concertos para Piano Nos. 20 e 27 - Mitsuko Uchida tocando e regendo a Orquestra de Cleveland. As peças mais ouvidas do classicismo são de Mozart. Das de Mozart, são os Concertos para Piano. Estes dois, que não lembro de ter visto juntos (geralmente é 20 e 21 ou 20 e 24), são absolutamente contrastantes. O 20 é uma das obras mais sombrias do compositor e um dos únicos em tom menor (o outro é o 24). É uma obra de tormenta e ameaça. O 27, composto no último ano de vida de Mozart, é também seu último Concerto para Piano. Mitsuko, lembrem-se, é a maior intérprete de Mozart ao piano, tendo criado uma tradição. E regendo a Orquestra de Cleveland, revela-se uma excelente regente. Gravado em 2010.


- Carl Philipp Emanuel Bach - Sonatas & Rondos - Por Mikhail Pletnev. Pletnev ten 67 anos. Quando saiu a coletânea Great Pianists of The 20th Century, ele era um dos mais jovens. Foi em 1998-1999, Logo depois, em 2001, lançou este CD, todo dedicado à música para piano de CPE Bach. Hoje Pletnev mais rege do que toca - foi regente principal e é diretor artístico da Orquestra Nacional Russa, que ele mesmo fundou. As sonatas de CPE Bach são graciosas, pertencem ao estilo (outro) Empfindsamer Stil, ou Estilo Sensível, o que o levou a ser considerado um precursor do Romantismo. O disco contém 6 Sonatas e 3 Rondós, cada qual mais perfeito, mostrando-nos que CPE deveria desgarrar de J. S. Bach e se tornar um compositor de renome próprio.


- Mozart - 4 Sonatas para Violino e Piano - Hilary Hahn (violino) e Nathalie Zhu (piano) - Mozart escreveu 36 Sonatas para Violino e Piano. Aqui temos a 24ª, a 18ª, a 21ª e a 35ª. A interpretação é impecável. A pianista segue os passos de Mitsuko Uchida, um toque suave e expressivo. Mas é ao violino que cabe o estrelato. A estadunidense Hilary Hahn é um dos maiores fenômenos do violino moderno. Ela chegou a gravar um Concerto para Violino do compositor, o . Mas acho que seu testamento são estas sonatas. Disco de 2005.


- Mozart - Concerto para Clarinete - Anthony Pay (Clarinete-basset) e a Academy of Ancient Music, regida por Christopher Hogwood - Essa é a "mãe" de todas as interpretações do último concerto de Mozart. Não vou me delongar, porque estou preparando uma postagem sobre o concerto. Gravado em 1984, lançado em 1986.


- Mozart - Réquiem - Colin Davis regendo a Sinônica de Londres, coro e solistas - Colin Davis, tenho impressão, é tratado como um regende de segunda categoria. Mesmo com seu repertório colossal e interpretações sempre surpreendentes. Portanto, é a minha indicação para uma interpretação moderna da obra mais importante do Século XVIII. Gravado ao vivo (mas sem aplausos) em 2008.


- Mozart - Requiem - Orquestra e Coro da Academy of Ancient Music, Coro da Catedral de Westminster, e solistas, regidos por Christopher Hogwood. Essa versão é covardia. É a minha favorita no estilo de interpretação historicamente informada (nome horrível). Hogwood adota uma prática da época em que mulheres não podiam cantar na igreja. Usam crianças. E é arrepiante (ainda que triste pelos séculos que viram mulheres como inferiores), aquele começo difuso, pefeito, então entram os baixos, os tenores (homens), os contraltos e os sopranos (crianças). A voz delas e as técnicas de estúdio farão você se arrepiar. E, no meio do primeiro movimento, a voz mais angelical de todas: a soprano Emma Kirkby canta o "te decet hymnus". Outra particularidade dessa gravação é que Hogwood não usa a partitura completada por Süssmayr. Ele usa uma edição do musicóloco e matemático Richard Maunder, que pretende ser o mais fiel possível a Mozart e acrescenta a fuga Amen, depois da Lacrimosa. Gravado em 1983.



 

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