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Foto do escritorRafael Torres

As 5 Melhores Marcas de Piano da Atualidade

Os grandes pianistas não tocam nem possuem Pianos de uma fábrica qualquer. 90% dos instrumentos que eles tocam pertencem a essas 5 marcas.


O Piano veio substituir o Cravo e surgiu a partir do Fortepiano, instrumento que criado em 1687 pelo construtor de instrumentos musicais Bartolomeo Cristofori, de Pádua, Reino de Veneza. Um papel dos Inventários Medici, em 1702, refere-se a:


"Un Arpicembalo di Bartolomeo Cristofori di nuova inventione, che fa' il piano, e il forte, a due registri principali unisoni, con fondo di cipresso senza rosa...".


Traduzindo: Um Cravo de Bartolomeo Cristofori, inventado recentemente, que faz o piano e o forte, em dois registros (dois jogos de cordas) uníssonos principais, com tampo harmônico de cipreste sem rosácea.


Piano Bartolomeo Cristofori do Século XVIII
Piano Bartolomeo Cristofori do Século XVIII.

O próprio nome Fortepiano faz referência ao fato de o instrumento tocar forte e fraco (piano). No Romantismo (Século XIX), o instrumento passou a ser chamado alternadamente de Piano ou Pianoforte. No Século XX, ele ficou com apenas metade do nome. Piano significa fraco, suave.


Enquanto no Cravo a intensidade com que o instrumentista pressionava a tecla era irrelevante, pois não influía na força com que a nota soaria, o principal avanço do Fortepiano era justamente a superação disso. No Fortepiano, se você pressionasse a tecla fraco, a nota soava fraca. Com força e ela soava mais forte.


As possibilidades expressivas e de tradução sentimental que isso trazia, e que só começariam a ser explorados no Classicismo (1750-1810, por Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart) acabaram por aposentar o Cravo no Barroco. Se bem que ele voltaria a ter enorme relevância a partir do século XX, tanto por intérpretes de Música Barroca, quanto em novas composições (com o Concert Champêtre, de Fancis Poulenc; concertos de Manuel de Falla, Philip Glass, Bohuslav Martinů e Elliott Carter, Les Citations, de Henri Dutilleux, Comboï e Oophaa, de Iannis Xanakis, HPSHD, de John Cage e Lejaren Hiller e obras de diversos outros compositores).



Um instrumento de teclado que fosse capaz de tocar forte e piano como o Violino, revelava uma envergadura infinita, que tanto beneficiava instrumentistas como compositores. Agora você podia, por exemplo, tocar a mão esquerda mais fraco e a direita com mais força. Até na mesma mão você podia equilibrar um acorde, elegendo que notas deveriam soar mais fortes.


Além disso, os futuros Pianos ultrapassariam a envergadura do Cristofori, de 54 teclas até o padrão atual de 88 teclas (tem Pianos com até 97 teclas, como você verá abaixo). Superariam seu tamanho do teclado à cauda. Era, enfim, um instrumento mais versátil e adaptável que o Cravo. E também, logo no começo da trajetória do Pianoforte, ele foi ganhando os pedais, importantíssimos na ampliação da possibilidade de coloração desse instrumento. Sobretudo o pedal Sustain, criado em 1730, por Gottfried Silbermann, que permite que o músico largue as teclas e mantenha as notas correspondentes soando enquanto o pedal estivesse pressionado (ou até que o som decaia). Esse pedal, o mais crucial do Piano, possibilita também a produção legato, em que uma nota se liga à próxima sem pausas.


São as 5 marcas mais cobiçadas e que atingiram um padrão ade sonoridade e de mecânica alto.


Sem delongas, vamos a elas, sem ordem ou hierarquia:


Edição "Quadros de Uma Exposição", da Steinway & Sons
Edição "Quadros de Uma Exposição", da Steinway & Sons.


 

I. Yamaha


Uma fabricante versátil, a japonesa Yamaha fabrica todos os instrumentos da orquestra, e mais alguns, incluindo o Piano e a motocicleta. São os pianos de escolha de Cipryen Katsaris, Maria João Pires, André Mehmari, César Camargo Mariano e Chick Corea. Sua sonoridade é perfeitamente adequada e a mecânica é fácil de manipular.


Seu modelo de concerto, o CFX é conhecido por sua facilidade em tocar muito forte ou muito piano. Foi desenvolvido ao longo de 12 anos, por 60 profissionais que chegaram a produzir 30 protótipos até chegar à versão ideal.


A Yamaha tem, ainda, a linha híbrida Enspire Pro, de instrumentos capazes de gravar o que você tocou e reproduzir com a mais alta fidelidade. Além disso ele vem com um tablet, com o qual você pode acessar uma gigantesca biblioteca de música gravada por grandes pianistas do mundo todo. Ao colocar para tocar, você os tem na sua sala, o piano reproduzindo exatamente o que eles gravaram. Isso, o Piano fica tocando sozinho, baixando as teclas e os pedais, conformemente.


 

II. Bösendorfer


A fábrica austríaca, fundada por Ignaz Bösendorfer em 1828 evoluiu para se tornar uma das mais queridas pelos pianistas. O Bösendorfer tem por característica o som cristalino e os baixos mais responsivos. Seu modelo máximo é o Concert Grand 290 Imperial, o 290 descreve seu tamanho: 2,90m do teclado ao fim da cauda. Isso lhe proporciona um alcance sonoro sem precedentes.


Além disso, ele tem 97 teclas, em vez das costumeiras 88, aumentando sua amplitude de 7 oitavas e pouco para 8 oitavas. O Piano tem mais notas graves e mais notas agudas. Foi adotado por pianistas como: Stephen Hough, András Schiff, Valentina Lisitsa, Daniil Trifonov, André Previn e, no passado, por Arthur Rubinstein, o jazzista Oscar Peterson, Alfred Brendel, Arturo Benedetti Michelangeli, Friedrich Gulda e até Franz Liszt. A fábrica tem também uma linha Disklavier, semelhante ao Yamaha Enspire Pro, e a linha Silent, que permite que você estude sem incomodar e sem ser ouvido por outras pessoas - você se escuta com um fone de ouvido.


Já os Pianos enquadrados na categoria Item de Colecionador têm como diferencial os diversos desenhos, como o Dragonfly e o Barroco, que você vê abaixo.


 

III. C. Bechstein


A fábrica sediada em Berlim é famosa por seus Pianos especiais, de aparência surpreendente e feitos com o auxílio de designers. Fundada em 1853, já no seu começo foi endossada por Franz Liszt. É um Piano de alta qualidade, que chamou a atenção de Edvard Grieg, Maurice Ravel e, mais recentemente, Edwin Fischer, Wilhelm Backhaus, Jorge Bolet, Walter Gieseking, Wilhelm Kempff, Pierre-Laurent Aimard, Kit Armstrong, Vladimir Ashkenazy e outros.


É considerado um dos 4 grandes fabricantes de Piano, os outros 3 são Blüthner, Bösendorfer e Steinway & Sons. Em 1986, com a reputação em baixa, a fábrica foi comprada por Karl Schulze. Depois, foi dando passos sempre mais longos. Nos anos 2000 recuperou seu prestígio e a empresa voltou a dar lucro, os pianos voltaram a ser comprados por salas de concerto, estúdios e indivíduos.


 

IV. Steinway & Sons


A mais famosa marca de Piano da atualidade. Quer ter uma ideia? São ou foram endossados por Ignacy Jan Paderewski, Daniel Barenboim, Evgeny Kissin, Lang Lang, Irving Berlin, George Gershwin, Cole Porter, Benjamin Britten, Vladimir Horowitz, Sergei Rachmaninoff e estão em 90% das salas de concerto do mundo. Um Piano Steinway de cauda completa custa cerca de US$ 150.000,00, ou R$ 760.000,00. Sua notoriedade é sem precedentes, se assistirmos a um concerto na tv é certo que veremos um Piano preto com a inscrição em dourado ao lado: Steinway & Sons. Seu modelo de concerto, o Modelo D, tem 2,74m, do teclado ao final da cauda.


No site você pode escolher, se quiser, entre 14 tipos de madeira para o corpo, caso não o queira preto. A Steinway também fabrica Pianos tecnológicos, como a linha Spirio, que também lhe permite fazer com que o instrumento toque performances pré-gravadas por uma infinidade de pianistas.


A marca também tem as Coleções Especiais e Edições Limitadas, desenhadas por artistas como Karl Lagerfeld e Dakota Johnson. São várias opções.


 

V. Fazioli


O título de melhor fabricante de Pianos tem que ir para a Fazioli, de Sacile, na Itália. Fundada em 1981 pelo engenheiro e pianista Paolo Fazioli, a fábrica logo ganhou fama. A fama de melhor do mundo.


Aliás, não é uma fábrica comum, é mais uma espécie de butique. Eles fazem apenas cerca de 140 Pianos por ano, artesanalmente, e o mais caro pode custar US$ 347.000,00 ou R$ 1.757.000,00. É o Fazioli F308, um piano enorme, com 3,08m de comprimento. Aliás, esse é o mais caro dentre os produzidos em série. Nos Modelli Speciali tem o Fazioli M Liminal, custando US$ 695.000,00, ou R$ 3.519.000,00.


É admirado e tocado por pianistas como Murray Perahia, Alfred Brendel, Angela Hewitt, Herbie Hancock, Hélène Grimaud, Tamás Vásáry, Vladimir Ashkenazy e muitos outros.


Assista a Angela Hewitt interpretando a Aria das Variações Goldberg, de Johann Sebastian Bach em um Piano Fazioli.


 

Espero que esse texto seja útil.


A Lista com as outras postagens agora fica aqui.


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A Arara Neon é um blog sobre artes, ideias, música clássica e muito mais. De Fortaleza, Ceará, Brasil.

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