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Foto do escritorRafael Torres

10 Discos para Entender Beethoven

Atualizado: 14 de ago. de 2022

Vou começar essa série com Ludwig van Beethoven (1770-1827), o compositor que deu início ao Romantismo, no século XIX.


Mas vale lembrar que parte de sua carreira, e uma parte importante, ainda está inserida no classicismo. Ele tem três fases, que abordaremos aqui. A primeira é clássica; a segunda, chamada Fase Heróica, é romântica; e a terceira é de um compositor maduro, compondo para o universo.


A música de Beethoven, em todas as fases, tem essa característica: ela não é necessariamente bela, nem sempre empolgante. Mas ela parece inevitável. Tem uma força motriz que nos guincha e arrebata. Vamos aos álbuns.

 

Sonatas Nos. 1, 2 e 3 - Alfred Brendel (1994)

As três primeiras sonatas são obras importantes, porque estão entre as primeiras do compositor, compostas ainda nos anos 1790, quando ele tinha menos de 30 anos. São bem clássicas (dedicadas a seu professor Joseph Haydn), mas repare na , com seu movimento lento cósmico. Já estava claro que aqui estava um compositor potente. Alfred Brendel é o intérprete perfeito das Sonatas.




 

Sinfonia Nº 3 "Eroica" - Herbert von Karajan e a Filarmônica de Berlim (1984)

A 3ª Sinfonia, "Eroica", marca o começo da era Romântica na música (isso é muito discutido, mas pensemos assim, de modo a facilitar as coisas). A obra já começa com dois golpes da orquestra e se desenvolve até que tenhamos momentos de tensão altíssima, acordes dissonantes e acentuações em tempos exóticos. E nenhuma gravação dessa sinfonia capturou tão bem essas inovações e toda sua beleza quanto a última de Karajan, porque o som é incrível.




 

Sonatas Nos. 8 "Pathetique", 14 "Ao Luar" e 23 "Appassionata" - Rudolf Serkin (1963)

Aqui estão três das sonatas mais conhecidas. A Patética, Ao Luar e Appassionata. A Patética é uma obra de transição do classicismo para o romantismo, mas as outras são plenamente românticas. Escolhi Serkin porque ninguém toca isso com tanta poesia.





 

Concerto para Violino e Orquestra e Sonata para Violino e Piano Nº 9 "Kreutzer" - Vadim Repin, Orquestra Filarmônica de Viena, sob Riccardo Muti e Martha Argerich (2007)

O Concerto para Violino e Orquestra também é revolucionário. Ele começa com quatro notas do tímpano e uma introdução do oboé. O segundo movimento é uma beleza. Não foi um concerto muito bem aceito na época, mas hoje é presença constante no repertório de violinistas. A sonata "Kreutzer", aqui com Martha Argerich, é a mais famosa do grupo para Piano e Violino. As interpretações desse disco são fantásticas. Lembrem-se do Vadim!




 

Missa Solemnis - Concentus Musikus de Viena, com regência de Nikolaus Harnoncourt

A única obra sacra da lista é especial. É barulhenta, por vezes confusa, mas indispensável. É de 1823, da fase final do compositor. Tem um brilho incomum. É daquelas obras que você tem que escutar algumas vezes para se acostumar e gostar.


Harnoncourt e seu Concentus Musicus usam instrumentos e técnicas da época de Beethoven, técnica conhecida como HIP (Historically Informed Performance).


 

Concerto para Piano e Orquestra Nº 5 "Imperador" e Sonata Nª 32 - Nelson Freire e Riccardo Chailly com a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig (2014)

O e último concerto para piano ("Imperador") é o mais conhecido. Nelson Freire nunca nos decepciona, e traz, junto com a Gewandhaus e Chailly, uma interpretação forte, extremamente clara e marcante. Heróica, que é como se chama essa fase da vida de Beethoven.




 

Sinfonias Nos. 5 e 7 - Carlos Kleiber e a Filarmônica de Viena (1974) e (1976)


Filho do grande maestro Erich Kleiber, Carlos era mais chegado à ópera. Mas regeu alguns discos de música sinfônica com muita capacidade. Essa gravação da é considerada a melhor de todas. A também é importantíssima.





 

Trios Nos. 7 "Archduke" e 5 "Fantasma" - Immerseel, Beths e Bylsma

Uma (a única) gravação com instrumentos de época. Ou seja, o piano é feito como eram na época de Beethoven, assim como o violino e o violoncelo. Muda muita coisa: as cordas, o tamanho do piano e o arco do violino e do violoncelo fazem toda a diferença. Se você achar o som um pouco oco, lembre-se que Beethoven achava ainda mais (até por que já começava a se manifestar a sua surdez).


Os trios são arrepiantes. O "Fantasma" é uma obra prima, e o "Arquiduque", maravilhoso. Para conhecer o compositor, você tem que mergulhar na sua obra de Câmara, na de Piano e na Sinfônica. A única mídia em que ele não foi muito bem sucedido, aliás, pouco tentou, foi a ópera.


 

Quarteto Nº 13 e "Grande Fuga" - Quarteto Guarneri (1988)

Esse assombroso quarteto de cordas é uma expedição. Você tem que ouvir com os ouvidos de um expedicionário, que vai até os confins do mundo atrás de sentimentos e sensações. A "Grande Fuga" foi concebida como o último movimento desse quarteto maduro. Mas depois foi tratada como obra separada e o compositor fez outro finale. Com o Quarteto Guarneri, esses senhores da foto, não tem erro.




 

Variações Diabelli - Maurizio Pollini (2000)

Outra obra gigantesca (ocupa um CD inteiro), as Variações Diabelli são consideradas o ápice da forma variação. Ele traz um tema, primeiro, este do compositor Anton Diabelli, e escreve 33 variações para ele. Cada qual mais brilhante. Pollini é o virtuose ideal aqui, porque toca com brilho e inteligência.




 

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A Arara Neon é um blog sobre artes, ideias, música clássica e muito mais. De Fortaleza, Ceará, Brasil.

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